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Bernardo Oswaldo Francez: um legado de profissionalismo e humanidade no registro imobiliário paulista

Publicado em: 01/04/2024
O Registro de Imóveis paulista perdeu uma figura ímpar no último dia 24 de março. Aos 87 anos, Bernardo Oswaldo Francez, oficial do 18º Registro de Imóveis de São Paulo, faleceu deixando saudades aos amigos, colegas e familiares, além de um legado memorável de profissionalismo e humanidade na atividade extrajudicial.

Natural de São Paulo, Capital, Bernardo nasceu no dia 28 de novembro de 1936 e iniciou sua carreira na atividade extrajudicial muito jovem, antes mesmo de completar 18 anos, em 13 de abril de 1953.

Trajetória na atividade extrajudicial

Bernardo Oswaldo Francez dedicou sua vida à atividade extrajudicial, com mais de 70 anos de experiência na área. Nesse período, ele trabalhou em apenas dois cartórios: 3º Oficial de Registro de Imóveis e 18º Oficial de Registro de Imóveis, ambos da Capital.

Sua trajetória teve início em 13 de abril de 1953, no 3º Oficial de Registro de Imóveis. Com apenas 17 de anos, Bernardo ocupou a função de Preposto Auxiliar na serventia por cinco anos, até 20 de julho de 1958.

Ainda no 3º Oficial de Registro de Imóveis da Capital, Bernardo trabalhou por cerca de 18 anos – 21 de julho de 1958 a 12 de agosto de 1976 – como Preposto Escrevente.

Em 18 de agosto de 1976, Bernardo iniciou sua história no 18º Oficial de Registro de Imóveis de São Paulo, seguindo como Preposto Escrevente.

Dois anos depois, em 6 de novembro de 1978, Bernardo passou a Preposto Designado Substituto (antigo Oficial Major), função que ocupou por quase quatro anos – até 27 de janeiro de 1982.

Na sequência, Bernardo atuou por pouco mais de um ano – 28 de janeiro de 1982 a 7 de março de 1983 – como Preposto Designado (antigo Oficial Interino).

Provido no 18º Oficial de Registro de Imóveis da Comarca da Capital por decreto de 12 de novembro de 1982, publicado no Diário Oficial do dia imediato, Bernardo prestou compromisso na Corregedoria Geral da Justiça em 8 de março de 1983, data essa em que assumiu oficialmente a titularidade da serventia.

“Bernardo foi um padrão de ser humano. Profissional ético, empenhado em aprimorar o sistema de Registro de Imóveis, era um patrão sensível, que implementou um ambiente de fraternidade na sua delegação. Conheci-o entre 1979 e 1980, anos em que judiquei na gloriosa Primeira Vara de Registros Públicos e logo constatei que ele se preocupava com a criação de alternativas que tornassem mais célere e seguro o acesso à proteção registral. Contribuía para disseminar as decisões da Vara de Registros Públicos na mídia espontânea. Custeou a publicação de uma sentença a respeito de restrições convencionais, na certeza de que ela serviria de orientação para todos os registradores. A par disso, prestigiava o associativismo e praticava autêntica e espontânea caridade cristã, socorrendo a quem pudesse auxiliar. Seus favorecidos estão órfãos e sua seriedade cordial, simpática e amável já está fazendo falta. Que seu trajeto sirva para inspirar os que ainda estão no setor e aqueles que nele ingressarão, na interminável sucessão de existências transitórias”, destaca o Desembargador aposentado e ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), José Renato Nalini.

Presidência da Anoreg/SP

Diante de sua importância e notoriedade para atividade extrajudicial paulista, Bernardo Oswaldo Francez foi presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo (Anoreg/SP) – entidade responsável por congregar os 1.546 mil Cartórios distribuídos em todos os municípios do Estado – por duas vezes: janeiro de 1987 até dezembro de 1989 e junho de 1996 até dezembro de 1998.

Em sua segunda gestão, o vice-presidente foi Cláudio Marçal Freire, 3º Tabelião de Protesto de Letras e Títulos de São Paulo, atual presidente do Sindicato dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo (Sinoreg/SP) e ex-presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg/BR).

“Na nossa gestão, tivemos um assunto de âmbito nacional, que era da maior preocupação de toda a classe, o da luta contra o Projeto de Lei da gratuidade do Registro Civil, sem a devida compensação, ao qual buscamos parecer e fizemos proposta pela instituição de um Fundo, mas que, lamentavelmente foi vetado pelo Executivo, restando-nos lutar pelo referido Fundo no Estado, o qual, depois de duas propostas, aí já por atuação do Sinoreg/SP, também vetadas, acabou sendo implementado, salvando os oficiais de Registro Civil que não tinham nenhuma especialidade anexa”, conta.

Para Cláudio Marçal, Bernardo foi uma pessoa “carismática, querida, amável, afável e com grande poder de articulação” e um dos grandes responsáveis pela desoficialização/desestatização dos cartórios brasileiros.

“O Bernardo, dentre os interinos de cartórios de 1982, foi um dos maiores responsáveis pela desoficialização ou desestatização dos cartórios do País, na tramitação da Emenda Constitucional 22, de 1982. Muito obrigado, Bernardo! Deus o tenha para que, da vida celestial, tenhas o prêmio destinado pela divindade aos bons homens que pautam suas vidas aos ensinamentos cristãos, e que do mundo celestial continue a proteger, zelar e iluminar a sua querida esposa Elza, seus queridos filhos Luiz Eduardo, Paulo e Fabinho, suas queridas noras e queridos netinhos, enfim a todos os amigos e colegas. Vamos sentir muito a sua falta!”, finaliza.

Colaboradores do 18º Registro de Imóveis de SP prestam homenagem

Bernardo era uma pessoa muito querida e amável pelos colaboradores do 18º Registro de Imóveis de São Paulo. Os funcionários da serventia deixam claro esse afeto em seus depoimentos, destacando o lado humano e profissional do registrador.

“Não há palavras que exprimam a honra de ter sido a oficial substituta do dr. Bernardo nos últimos anos. Ele foi a personificação da expressão ‘sui generis’: sem semelhança com nenhum outro, único, original, peculiar, singular. Seu jeito brincalhão e irreverente era harmônico com o ser humano ímpar que transbordava generosidade e conhecimento. A história da sua trajetória profissional se confunde com a história do Registro Imobiliário em nosso país. Inúmeras foram as suas contribuições para a atividade extrajudicial. Tive diversas oportunidades de lhe dizer o quanto eu me sentia privilegiada pela rica convivência diária com ele e o quanto eu era grata. Ele fez a diferença na minha vida, na vida dos funcionários do 18° Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo e na vida dos usuários (clientes) da serventia. Deixa não só saudades, mas a inspiração e a força para seguirmos estudando, aprendendo e prestando um serviço público de qualidade, à altura do grande coração que tinha”, Amanda Gil, Oficial Substituta.

“Em meados do ano de 1980, fui contratada, diretamente pelo dr. Bernardo. A partir daí, um mundo novo se abriu diante dos meus olhos. O ramo do direito, sobretudo, o Registro de Imóveis, foi se mostrando cada vez mais atraente, e resultando em muita vontade de aprender, sempre com o incentivo do meu mestre, Bernardo Francez. O respeito às pessoas (partes) e aos funcionários a seu cargo, de modo um tanto paternal, fizeram do dr. Bernardo um exemplo a ser seguido por muitos da nossa área de atuação”, Maria Aparecida Cavalcante Silva (Cida), Escrevente Substituta.

“Acompanhei o dr. Bernardo por 47 anos, desde a matricula número um do 18º Registro de Imóveis de São Paulo. Aprendi com ele fazer o trabalho com excelência, dando toda a atenção as pessoas menos favorecidas. O que aprendi com ele quero passar para os meus netos”, Nilson Siqueira, Escrevente.

“Trabalhar com o Dr. Bernardo não se limitava à fria análise da legalidade dos títulos que nos eram apresentados. Ele nos convidava a pensar em algo muito além disso: a parte humana, o significado de cada título apresentado e o quão importante ele era para seus interessados. ‘As partes são a razão do nosso viver’, ‘Nós estamos aqui pelas partes’, ‘Devemos ajudar as partes’, são algumas de suas frases que reiteradamente ouvíamos, e se tornaram mantras entre nós (funcionários). Essa conduta não se limitava apenas às palavras ditas, mas se materializavam desde os cordiais cafés disponíveis às partes assim que chegavam na serventia, até a finalização de seu atendimento, momento em que era muito comum ouvir ‘gosto daqui porque aqui me sinto em casa’, ‘agradeço por toda a ajuda, sem isso eu não conseguiria resolver’, entre vários outros elogios que eram feitos diretamente a forma dele prestar serviço a sociedade. Foi uma honra ter tido a oportunidade de trabalhar com o dr. Bernardo e, em virtude do privilégio de ter desfrutado da companhia, hoje, além de ser melhor profissional, também sou uma melhor pessoa e levarei seus ensinamentos no âmbito profissional, e seus exemplos de generosidade, bondade e fraternidade, como forma de se portar nas mais diversas áreas da vida”, Victor Bullara, Escrevente.

Missa de 7º dia

A missa de 7º dia de Bernardo Oswaldo Francez está marcada para a próxima terça-feira, 2 de abril, às 13h, na Igreja Nossa Senhora do Brasil, na Praça Nossa Sra. Do Brasil, 01, Jardim América, em São Paulo.

Fonte: Assessoria de Comunicação Anoreg/SP
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