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Aumenta o número de mulheres que têm filho depois dos 30 anos, diz IBGE

Publicado em: 24/11/2016
Em 2015, três em cada dez mães tinham mais de 30 anos; em 2006 eram 22,4%
 
Nicolas Beuse faz 1 ano hoje. Sua mãe, a jornalista Joana Beuse, tem 32 anos e está num grupo de mulheres que empurra cada vez mais a maternidade para depois dos 30 anos, segundo o estudo “Estatísticas do Registro Civil 2015”, divulgado esta quinta-feira pelo IBGE.
 
Em 2005, quase um terço (30,9%) dos nascimentos eram de bebês filhos de mulheres entre 20 e 24 anos. Agora, esse percentual foi reduzido em cinco pontos percentuais. Por sua vez, foi observado em 2015 um aumento da participação dos nascimentos de mães com 30 a 34 anos (20,3%) e 35 a 39 anos (10,5%). Esta mudança na faixa etária foi mais expressiva nas regiões Sul e Sudeste. Para o IBGE, a diferença dos dados indica a necessidade de implementação de novas políticas públicas, que considerariam características particulares de cada região do país.

Nascimentos vivos por grupo de idade da mãe

Em % do total de nascidos vivos



— A mulher está buscando seu espaço no mercado de trabalho, quer ter tempo para estudar e crescer em sua profissão — conta Cristiane Moutinho, gerente de Estudos e Pesquisas Sociais da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE. — Diversos fatores devem ser considerados, como a cultura, economia e educação.
Joana já estava casada há seis anos quando decidiu engravidar. Aproveitou o período para viajar, ter uma vida social ativa e investir na profissão.

— Com 20 e poucos anos eu nem pensava em ter filhos. Gostava de viajar, cheguei a morar fora, e também estava juntando dinheiro — lembra. — A gravidez do Nicolas foi muito planejada. Sabia que, com ele, a vida mudaria muito. O bebê torna-se a grande prioridade. Todos os horários e programas giram ao redor dele.

Quando passeia em uma praça próximo à sua casa, na Zona Oeste do Rio, a jornalista observa que as mães dos amigos de Nicolas também já passaram dos 30 anos.

— Ao contrário das gerações anteriores, quando a prioridade da mulher era viver para a família, hoje nós estamos mais preocupadas com a vida profissional — compara Joana, que pensa em dar um irmão para Nicolas, mas “não a curto prazo”.
Demógrafa do IBGE, Leila Ervatti avalia que a escolaridade é uma das principais razões para a maternidade após os 30 anos.
— Não quer dizer que a profissão tenha se tornado uma prioridade, mas sem dúvida a mulher precisa equilibrar o trabalho com o preparo de uma estrutura para receber o filho. Vemos isso principalmente entre as famílias com melhor condição financeira.

Segundo Leila, ainda é cedo para analisar se, na próxima década, as mães terão filho ainda mais tarde.

— Não é possível afirmar se esta tendência das mães mais velhas vai aumentar ou se estabilizar, até porque, se a mulher adia muito o nascimento, sua chance de engravidar diminui — ressalta. — Mas não acredito que a idade de ter filhos voltará a cair. É um caminho sem volta, como aconteceu nos países desenvolvidos.



 
Fonte: O Globo
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