Entre os diversos prédios do centro da capital paulista, um se destaca por sua arquitetura imponente e altura de mais de 130 metros: o Edifício Martinelli, uma das construções mais renomadas da cidade, que completa 100 anos de história em 2024. Considerado o primeiro arranha-céu de São Paulo, o prédio transformou a paisagem urbana e marcou o início da verticalização do principal centro financeiro da América Latina.
A construção e seus desafios O projeto do Edifício Martinelli foi idealizado pelo imigrante italiano Giuseppe Martinelli, um empresário bem-sucedido nos ramos da construção e navegação. Sua pretensão era erguer o prédio mais alto da América do Sul, aos moldes das grandes capitais europeias e norte-americanas. A construção do edifício teve início em 1924 e, inicialmente, a ideia era que o prédio tivesse apenas 12 andares. Contudo, para se destacar, Martinelli decidiu expandir o projeto, estimulado também pela própria população, adicionando pavimentos até atingir impressionantes 30 andares em 1929. Erguer o Edifício Martinelli foi um grande desafio por diversos fatores. O projeto enfrentou resistência de engenheiros que temiam que a estrutura fosse instável, principalmente devido à sua altura. A construção utilizou técnicas modernas para a época, como o concreto armado, e introduziu inovações, incluindo elevadores de alta velocidade. Para provar que o edifício era seguro, Martinelli e sua família se mudaram para a cobertura do prédio, onde residiram por alguns anos. Da imponência à degradação A construção do edifício acarretou sérios problemas financeiros para Martinelli, que, em 1933, foi forçado a vendê-lo ao governo da Itália. Em 1943, com a declaração de guerra do Brasil ao Eixo (do qual a Itália fazia parte) na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), todos os bens italianos foram confiscados, e o imóvel passou a ser propriedade da União, sendo inclusive rebatizado como Edifício América. Em 1944, o imponente edifício de 30 andares foi leiloado e subdividido entre 103 proprietários. No mesmo ano, o Martinelli perdeu o título de prédio mais alto de São Paulo para o vizinho Edifício do Banco do Estado (antigo Banespa, hoje Farol Santander). Com o passar do tempo, o Edifício Martinelli passou por períodos de abandono e degradação, especialmente nas décadas de 1960 e 1970, tornando-se um reduto de ocupações por famílias de baixa renda, atividades ilegais e até mesmo crimes não solucionados. Em 1975, o recém-empossado prefeito Olavo Setúbal decidiu salvar o edifício. Ele desapropriou o prédio e iniciou uma restauração que durou quatro anos. Em 1979, o Edifício Martinelli foi reinaugurado e passou a abrigar diversas repartições municipais, como a Emurb, a Secretaria de Habitação e a Cohab. O Martinelli nos dias atuais Como parte do programa de revitalização e requalificação do centro de São Paulo, a prefeitura concedeu à iniciativa privada o uso do Terraço Martinelli. O Grupo Tokyo venceu a licitação, cujo valor do contrato é de R$ 61,3 milhões (R$ 135 mil pagos mensalmente à prefeitura) e o prazo de vigência é de 15 anos. A concessão inclui a restauração dos espaços, melhorias de acessibilidade e segurança, além da criação de um serviço de visitação pública. O público terá acesso ao terraço no 26º andar, bem como aos andares 25º, 27º e 28º, além de um espaço no térreo. A empresa concessionária é obrigada a restaurar os espaços e implementar melhorias para garantir acessibilidade universal, seguindo as determinações do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Vale lembrar que o Martinelli é tombado pela classificação NP2 desde 1992, o que significa que suas características externas e elementos internos devem ser preservados. O Grupo Tokyo pretende transformar o Edifício Martinelli em um centro de gastronomia, cultura, lazer e arte. A previsão é que todas as instalações sejam entregues até o final de 2024, com o mirante – que oferece vista para a Catedral da Sé, Praça da Sé, Pateo do Colégio, Largo e Mosteiro de São Bento, Vale do Anhangabaú, Teatro Municipal, Edifício dos Correios, Viaduto do Chá, Viaduto Santa Ifigênia, Edifício Matarazzo e a sede da prefeitura – aberto ao público até o final deste ano. A história do Edifício Martinelli está registrada no 4º Registro de Imóveis de São Paulo, sob a matrícula 59.095. Fonte: Por Gabriel Dias para assessoria de Comunicação Anoreg/SP | ||
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